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segunda-feira, setembro 27, 2004

o amigo americano 




"I'm a stranger here myself"

domingo, setembro 26, 2004

horóscopo (caranguejo) 

"I'm cancer
Bad astrology's the answer"

Out of the Void, Primal Scream

terça-feira, setembro 21, 2004

fragmentos 

Da Lírica Grega Arcaíca não reza um único poema inteiro. A grandeza de poetas como Safo, Anacreonte ou Íbico só pode ser medida através dos pedaços que ainda restam. O puritanismo dos que vieram depois amputou a nossa civilização de algo talvez demasiado valioso para se perder. Essa poesia que foi feita entre os séculos VII e VI antes de Cristo, que falava de amor com uma beleza nunca repetida. Porém a beleza que ficou não é fragmentária, é total - o que pode ser atestado em posts publicados neste blog.

Para mim esta poesia é até mais bela por ser incompleta, por deixar-nos a sonhar com o que não chegou ao nosso tempo. É elegante, é sofisticada. E lembra-nos da fragilidade das coisas bonitas.

segunda-feira, setembro 20, 2004

anacreonte #2 

Com um grande machado, tal um ferreiro, de novo,
Eros me bate e mergulha-me numa torrente invernal.

(frg. 68 Page) Tradução Maria Helena da Rocha Pereira

quinta-feira, setembro 16, 2004

espectros 

"Once I was so sure
Now the doubt inside my mind
Comes and goes but leads nowhere"

Ghosts, Japan

Se no post anterior era o fantasma de uma mãe que falava através das palavras do filho, neste é o fantasma da vida de David Sylvian que não o deixa viver e o leva a ficar na angústia que a citação ilustra. Dois fantasmas em dois posts seguidos começa a ser um bocado creepy.

quarta-feira, setembro 15, 2004

maxine quaye 

"My brain thinks bomb-like
Beware of our appetite"
Hell is Round the Corner, Tricky

terça-feira, setembro 14, 2004

trilogia 

Decidi-me a ler a trilogia de Frederico Lourenço formada pelos romances Pode um Desejo Imenso, O Curso das Estrelas e À Beira do Mundo. Em boa hora o fiz. Mais que bem escrita ou erudita, comove. E as coisas que nos comovem, nos movem, nos tiram de nós mesmos são as que sabem melhor. Li o primeiro dos três livros num frenesim, que só se acalmou quando comprei e li os outros dois. Se tivesse algum poder de persuasão sobre as pessoas (poucas) que me lêem, aconselharia veementemente esta obra.

domingo, setembro 12, 2004

safo #2 

Há um murmúrio de águas frescas, através
dos ramos das macieiras, as rosas ensobram
todo o solo, e das folhas trémulas
escorre o sonho.

(frg. 2, vv. 5-8 Lobel-Page) tradução Maria Helena da Rocha Pereira

sábado, setembro 11, 2004

hotel paris 

Tânger, 11 de Agosto
Da janela do hotel via-se o polícia-sinaleiro a baralhar a confusão instalada que é o trânsito numa cidade marroquina. Não se pode dizer que baralhasse. Era mais uma figura inútil (nenhum condutor ou transeunte lhe ligava pevide), apesar do uso insistente do apito e das estudadas poses. Para quem como nós o via era também uma figura que, não obstante a comicidade, desde logo nos inspirou ternura por aquela gente.

Tânger, 21 de Agosto
As ruas sujas, de cheiro insuportável. As pessoas que parecem zombies, sentadas à espera de nada. O milagre quotidiano que é não morrer mais gente nas estradas marroquinas. Tudo isso só serviu para gostarmos mais daquilo. De Marrocos. Estivemos num mundo diferente do nosso. E foi bom.

sexta-feira, setembro 10, 2004

in a lonely place 

I was born when she kissed me. I died when she left me. I lived a few weeks while she loved me.

(Com a devida vénia ao Todos os Guarda-Chuvas de Londres, um blog que fala da ferida a céu aberta que é o amor de uma maneira dolorosa e triste, que é tão bonita)

calenture* 

*tropical fever or delirium suffered by sailors after long periods away from land, who imagine the seas to be green fields and desire to leap into them.

quinta-feira, setembro 09, 2004

íbico 

Quando a gloriosa, insomne madrugada desperta os rouxinóis...

(frg. 22b Page) tradução Maria Helena da Rocha Pereira

quarta-feira, setembro 08, 2004

arquíloco 

Deleitava-se se tinha um ramo de mirto
ou a bela flor da rosa

(frg. 30 West) tradução Maria Helena da Rocha Pereira

terça-feira, setembro 07, 2004

anacreonte 

Ó jovem de olhar virginal
eu te busco, mas tu não atendes,
sem saberes que da minha alma
deténs as rédeas.

(frg. 15 Page) tradução Maria Helena da Rocha Pereira

segunda-feira, setembro 06, 2004

safo 

Tal uma doce maçã rubra, que brilha no alto dos ramos,
mesmo no cimo de tudo, esquecida dos que andavam na colheita,
- esquecida não, é que não conseguiram antingi-la.

(frg. 105 Lobel-Page) tradução Maria Helena da Rocha Pereira

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