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domingo, novembro 30, 2003

um pouco de nada 

Por vezes parece não haver maneira de fazer algo acontecer. Por mais que queiramos. E é quando mais queremos uma coisa, que ela mais nos foge. Os empecilhos tornam-se inamovíveis. Aqueles que nem sequer sabemos existirem, talvez por despeito de não os conhecermos, são os que mais nos afligem. A esperança acaba por inquinar o espírito. Que se ressente. Assim ficamos.

sexta-feira, novembro 28, 2003

fake 

Parece que passo os dias a fingir alguma coisa. Já nem sei bem o quê.

massive 

Estive, há momentos, a reouvir o "Blue Lines" dos Massive Attack. É um grande disco. E se não existe o verbo reouvir, deveria existir para álbuns como este, que se ouvem vezes sem conta. Se há uma canção perfeita, a que se lhe não possa apontar defeitos, essa canção chama-se "Blue Lines". É a faixa número três do cd. Tem um beat perfeito e um orgão que deleita. Mas o disco já é antigo, do princípio dos anos 90. O concerto dos Massive Attack que vi no Coliseu dos Recreios este ano foi uma grande decepção. Principalmente quando se tocaram as músicas deste brilhante primeiro álbum. Faltam Mushroom, Shara Nelson, Tricky. Daddy G. é figura de corpo presente, a sua alma andou por outros sítios. A banda agora é governada por 3-D e parece ser só um projecto pessoal. Mas o concerto já foi há uns meses, o Porto ganhou a Taça UEFA nesse dia, e os discos ficam, continuam e podem ser ouvidos (e reouvidos) como nos lembramos deles.

quarta-feira, novembro 26, 2003

de volta 

Há uns dias sem escrever aqui, já vai uma semana. Estive doente. Depois, estive sem paciência. Pelo menos, durante este período, ficaram as imagens de John Cassavetes e Gena Rowlands a encimar esta página. Houve tempos que tive uma verdadeira paixão pelo realizador americano de origem grega. Não só pela sua filmografia (gostei muito de Husbands e Opening Night), mas principalmente pela cara. Aquela cara simplesmente fabulosa. Não sei se era um homem bonito. Mas acho que nunca simpatizei tanto com a cara de uma pessoa como com a cara de John Cassavetes. Não chorei quando John Cassavetes morreu (como se ouvia numa canção) só porque nunca tinha ouvido falar dele em 1989, data da morte. Da mulher dele, Gena Rowlands, também gosto muito. Vi há pouco tempo um filme de Woody Allen com ela e é realmente uma actriz que me enche as medidas. Há uma canção dos dEUS que se refere a ela. Chama-se "Opening Night". Estes dois merecem que se fale deles, que os homenageiem. E faziam um casal bonito.

quarta-feira, novembro 19, 2003

o casal perfeito 




terça-feira, novembro 18, 2003

teste idiota #1 

Pede-se a todas as alminhas que visitam este blog que façam o meu teste idiota (as que ainda não o fizeram). Gostava que alguém obtivesse a pontuação máxima de 100. Se é fã de Velvet Underground, Iggy Pop, Joy Division e Prefab Sprout (tudo ao mesmo tempo) deve tentar, pois tem grandes probabilidades de sucesso.

2 notas 


1- texto brilhante de Pedro Lomba no DN

2- vitória muito saborosa contra a França nos sub-21

segunda-feira, novembro 17, 2003

naipaul 

Comprei, há umas semanas, um livro que contém dois romances, em inglês, de V. S. Naipaul. Os dois romances são "The Mystic Masseur" e "Miguel Street". O livro custou-me por volta de 12 euros. Foi o primeiro livro que eu li em inglês. E, ao contrário do que estava à espera, não foi muito difícil. Naipaul é de Trinidad e Tobago, de origem indiana, e ganhou o Nobel há, para aí, dois anos.

Estes dois romances são do início da carreira do autor. "The Mystic Masseur" é demasiado cínico para eu gostar muito dele. Mas "Miguel Street" é um romance soberbo. É duro, é meigo, é nostálgico. É um fresco (como se costuma dizer). Por ele passam diversas personagens. As que habitam Miguel Street. Cada capítulo dedica-se a uma personagem em especial. Mas elas vão aparecendo, desaparecendo, ficando. Como na vida. Uns ficam loucos de amor, outros simplesmente malucos, outros deprimem-se. No fim, o protagonista-narrador tem de se ir embora de Miguel Street. E, assim, acaba a história.

sábado, novembro 15, 2003

kubrick 

Cansa-me a reverência que tantos prestam a Stanley Kubrick. Não que fosse mau realizador, não é isso. Mas há tantos melhores, que não precisaram de se tornar reclusos, de se esconder na genialidade, de fazer filmes de culto quase por encomenda. O maior pecado de Stanley Kubrick foi o fazer filmes admiráveis, mas nunca (ou raramente) amáveis. Como acontece a muitos génios (como aconteceu a Orson Welles), a sua genialidade impediu-o de ser um grande realizador.

sexta-feira, novembro 14, 2003

os imortais 

Gostei de ver Os Imortais. É um bom filme. Talvez se perca um pouco no final, a trama complica-se demasiado e deixa um certo sabor a que aquilo (o que se está ali a passar) não faz qualquer sentido. Não é que não se perceba, é que chega a parecer gratuita aquela história. Não gostei, particularmente, daquela cena entre a Maria Rueff e o Rui Unas no cemitério. Porque "suja" um bocado a personagem do inspector Malarranha. Todos perdoarão as centenas de concursos idiotas, de séries de humor sem graça, as telenovelas assim que virem Nicolau Breyner fazer daquele inspector da Judiciária à beira da reforma. É absolutamente excelente. Esta personagem e este actor mereciam uma série na televisão (daquelas boas), como escrevia Manuel Cintra Ferreira no "Expresso".

Por outro lado, é bom ver um filme português que não é de arte e ensaio. Como diz António-Pedro Vasconcelos tem de haver cinema comercial para haver cinema underground e de vanguarda. O problema é que em Portugal só há cinema de vanguarda. São, então, bons estes esforços, de bons realizadores, de fazer bons filmes cujo "público-alvo" (se assim se pode chamar) não se limita a 100 pessoas.

quinta-feira, novembro 13, 2003

clint eastwood 

Como é que se pode não gostar de Clint Eastwood? Ele que, sem nome, na paisagem espanhola, foi filmado nos mais belos westerns pós-modernos. Ele que gosta de jazz. Ele que fez, tantas vezes, de polícia rude e mal-disposto. Ele que fez, com um pouco mais de ternura, de guarda-costas de presidentes, num dos raros filmes em que, ultimamente, entrou sem realizar. E que gostava de jazz e que ficava com a René Russo. Mas Clint Eastwood é, agora, principalmente realizador. Um dos grandes. O último dos clássicos. De poucas palavras, de acções contidas. Como as personagens que interpreta, assim são os seus filmes. Absolute Power, True Crime, Blood Work são obras-primas e são todas recentes. É verdade que não gostei assim tanto de Space Cowboys. Mas vem aí Mystic River. Anseia-se pela sua chegada.

terça-feira, novembro 11, 2003

o jogo da cabra-cega 

Estamos, aqui, de olhos vendados. Não nos dizem nada, porra! Temos que adivinhar, conjecturar, especular. Somos impelidos a tentar entender. Mas não entendemos. E nem sequer nos é permitido saber se estamos a ir bem, se é este o caminho.

segunda-feira, novembro 10, 2003

uma frase 

Hoje, ontem ou anteontem (já não me lembro), inventei uma frase. A frase é tocada de alguma desesperança. Ninguém gostou dela. Mais uma vez, o meu génio foi incompreendido. Sempre posso dizer que foi outra pessoa que a pensou. Posso dizer que a vi escrita num qualquer romance obscuro, de um qualquer escritor menos conhecido.

"A esperança é a última a morrer, porque nos mata primeiro."

Vi, pela primeira vez, esta frase escrita no romance experimental "D-4K" de José Manuel Trincheira.

domingo, novembro 09, 2003

arabesque 

Há uma cena brilhante no filme Arabesque de Stanley Donen. Gregory Peck está escondido na banheira de Sophia Loren. Entretanto, por força das circunstâncias, Sophia é obrigada a entrar para tomar banho. Temos, assim, Sophia Loren nua, um pouco desconfortável, e Gregory Peck com um ar de grande contentamento. Do outro lado da cortina, está o vilão do filme, desconhecedor da situação. De repente, Sophia deixa cair o sabonete...

O filme é parecidíssimo com o North by Northwest, mas mais descontrolado. Parece quase uma paródia. Não posso dizer que tenha percebido toda aquela história do enigma no papelinho. Mas como nos filmes de Hitchcock, isso pouco importa. O que interessa são os protagonistas, as piadas que mandam um ao outro e toda aquela brincadeira que o filme é.

sábado, novembro 08, 2003

caspar hauser 

No episódio de hoje da série "Smallville", que retrata a vida de Clark Kent enquanto jovem, uma das personagens referiu-se a Caspar Hauser.

Quando estive em Paris pela última vez, em 2000, comprei o "Solitude Standing" da Suzanne Vega. Uma das canções do LP chama-se "Wooden Horse (Casper Hauser's Song)". É a canção que eu mais gosto da Suzanne Vega. O seu tema misterioso e obscuro sempre me fascinou. Foi disto que me lembrei quando estava a ver a série, que não é tão má como ao princípio parecia.

Caspar Hauser apareceu na cidade de Nuremberga, no ano de 1828. Tinha 16 anos. Não sabia falar, ou melhor só sabia dizer "Ein Reiter will ich werden, wie mein Vater einer war''. Não se sabia de onde é que vinha, quem era. Só se sabia o nome dele, que o próprio escrevera num papel. Era a única coisa que sabia escrever.

Soube-se depois que tinha vivido, durante anos, numa cave sem luz e sem contacto com outras pessoas. O caso atraiu muitas atenções. Especulou-se sobre quem seria. Alguns alvitraram que era ele o legítimo sucessor do Grão-Duque e que teria sido trocado à nascença por uma criança morta, filha de camponeses. Teria sido, depois disso, entregue a pessoas que o mantiveram na escuridão. Não há, ainda hoje, nenhuma prova. Mas há suspeitas.

Caspar Hauser foi aprendendo a falar, a lidar com a luz do dia, a lidar com as pessoas. Dizia-se que a sua visão nocturna era excelente. Via coisas que mais ninguém conseguia ver e que ele mesmo tinha dificuldade de ver durante o dia.

Caspar Hauser morreu, assassinado, em 1833.

quinta-feira, novembro 06, 2003

sport lisboa e benfica 

Falarei do Benfica num texto maior (para breve), mas aproveito a vitória sobre o Molde e a exibição razoável para me congratular. Apesar de muitas vezes apetecer deixar de ser do Benfica ou, simplesmente, deixar de gostar de futebol, esta coisa parva que é o amor ao clube mantém-se. Saúdo, também, o regresso do moço Zlatko, de quem gosto bem mais que do brasileiro Roger.

desejo #2 

Li, há alguns anos, um artigo de António-Pedro Vasconcelos para O Independente, em que o realizador dizia que a vida poderia não ser como nós a queríamos. Poderia ser diferente, poderia ser pior, poderíamos não conseguir o desejávamos. Podia ser triste. E que a única coisa que poderíamos fazer era, apenas, aceitar isso. Não posso ter a certeza que era isto que estava escrito naquela página da revista d'O Independente, mas seria algo parecido. A ideia pareceu-me terrível e, ao mesmo tempo, reconfortante. Eu tinha 16 anos.

terça-feira, novembro 04, 2003

desejo 

"But as Hat said, when a man gets something he wants badly, he doesn't like it."
Esta frase aparece no romance "Miguel Street" de V. S. Naipaul.

segunda-feira, novembro 03, 2003

lady day 




Mesmo que cada vez goste menos de jazz, nunca deixarei de gostar de Billie Holiday. Quando ela canta "My Man" parece que tudo faz sentido. Ela ama um homem que não é bonito, nem nenhum herói. Um homem que tem mais três mulheres e que às vezes lhe bate. Mas quando o homem dela a agarra nos braços, ela esquece tudo e só sabe que o ama. A beleza é isto.

domingo, novembro 02, 2003

garrincha 

Este post d'A Praia recorda-nos porque é que os blogs valem a pena. E, também, porque é que o futebol vale a pena.

die hard 

"Yippee-ki-yay, motherfucker!"

Die Hard é um filme quase perfeito. Só não digo que é perfeito para não parecer que estou a exagerar. Se calhar dizer que está ao nível de um Rio Bravo (um dos meus filmes preferidos) é blasfémia, mas aqui fica escrito - Die Hard está ao nível do Rio Bravo. John McTiernan pode não ser tão grande como Howard Hawks, mas é dos maiores que anda por aí e é muito underappreciated. Acontece aos melhores.

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