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quinta-feira, abril 28, 2005

a bola 

Já não se vai à bola como antigamente. Numa tarde de Domingo, pelas quatro. Com o sol a dar sobre o revaldo até que a sombra, devagarinho, o vai conquistando. Os grandes, nesta era das transmissões televisivas, jogam à noite, com fracas assistências. O ritual de ir ao estádio, a antecipação de um derby, o avô que leva o neto pela mão, os comes e bebes são coisas que se vão perdendo. Qualquer dia, nem velhinhos com o transistor colado ao ouvido vamos encontrar.

quarta-feira, abril 27, 2005

quiz 

Acedo a um pedido que me fazem. Sem grande vontade é certo, que nunca fui adepto destes questionários. Por isso, também, vai um bocado aldrabado.

Que livro livro seria eu? Pois está visto que não sei, tão-pouco entendo a referência ao Fahrenheit 451, livro que nunca li. Talvez gostasse de ser os Maigret de Georges Simenon. Talvez.

Se alguma personagem de ficção me perturbou? Sim, por exemplo o orangotango d'Os Crimes da Rua da Morgue de Edgar Allan Poe.

Que livros ando a ler? Collected Stories de Saul Bellow (começado ainda antes da morte do autor) e Memórias de Um Craque de Fernando Assis Pacheco, último livro que adquiri. Aconselho qualquer dos dois.

Quanto à tal ilha deserta é que a porca torce o rabo. Em tal lugar, eu não levaria muito tempo a perder a razão, o que tornaria supérflua a presença de livros, acho eu. Por muito bons que fossem. Além de que, quando vou de viagem ou assim, raramente acerto naquilo que levo.

Decido não passar testemunho a ninguém. Fiquemos por aqui.

P.S. (28 de Abril): Ao reler, ontem à noite, o Muito Lá de Casa de João Bénard da Costa dei-me conta que, se fosse forçado a embarcar para a tal ilha, este livro seria imprescindível. Nele e n'Os Filmes da Minha Vida/Os Meus Filmes da Vida do mesmo autor se baseia toda a minha sabedoria. Não os ler é perder tudo.

sábado, abril 23, 2005

à janela 

"Then she drew the curtains down and said, 'When will you ever learn that what happens there beyond the glass is simply none of your concern? God has given you but one heart, you are not a home for the heart of your brothers and God does not care for your benevolence anymore than He cares for the lack of it in others, nor does He care for you to sit at windows in judgement of the world He created, while sorrows pile up around you, ugly, useless and over-inflated'"

Um pedaço de boa escrita da parte de Nick Cave.

quinta-feira, abril 21, 2005

directed by john ford 


The Searchers. John Ford. 1956.

Bogdanovich: Qual é o sentido da porta que se abre para Wayne no início do filme e se fecha sobre ele no final?

Ford: Mmhmm...
(in John Ford de Peter Bogdanovich)

quarta-feira, abril 13, 2005

conto de fadas 

Um video irresistível: Shane MacGowan cantando com a sua mãe o clássico "Fairytale of New York" dos Pogues. Perdoam-se-lhes as gaffes. Para ver, é carregar no Play.



terça-feira, abril 12, 2005

nocturno 76 

Graciela olhava o fundo da sala, a finitude do seu mundo. As suas unhas pintadas a vermelho tamborilavam no copo de whiskey. O som que faziam, imperceptível debaixo da canção que saía das colunas, êxito antigo. Era um olhar vazio, pelo menos, para quem o via de fora. Só ela o sabia tão cheio de mágoa e tristeza. Estava a ficar velha, ali, entre clientes. Esperava que a chamassem. Mas, à medida que a sua figura tinha vindo a decair, os seus tempos de espera aumentavam. Até quando? Cansava-se.

Nestas alturas, como noutras, preferia não pensar. Ia bebendo o seu whiskeyzinho, fazia chocalhar as pedras de gelo, sentada ao balcão. Puxava de um cigarro, de quando em vez. Fumava-os com um requinte que contrastava com o resto. As roupas baratas (supostamente) provocantes, o excesso de maquilhagem, o desgaste da vida. Qualquer dia mandavam-na embora, sabia, já não faltaria muito. Não conseguiria aguentar a competição das brasileiras e das ucranianas, mais novas e dispostas a tudo. Ainda por cima, era respondona, o que não tendo sido problema até ali, enquanto soubera ser rentável, agora complicava a sua situação.

Precisava de se entreter. Pediu ao António, o barman, que lhe passassse o telefone. Ligou um número ao acaso. Deixou tocar, gostava de fazer acordar sobressaltadas, na madrugada, as pessoas que viviam bem. Dos poucos prazeres que lhe restavam. Ria-se, depois, maravilhada com a sua maldadezinha. Desta vez, quando atenderam e ela disse, com a habitual insolência, que era engano, ouviu do outro lado chamarem-lhe puta.

sexta-feira, abril 08, 2005

2hb 

Rick Blaine, dono de um clube nocturno em Casablanca, é o típico falso cínico. É um duro.Tenta manter-se à tona em qualquer circunstância, sabe que o sentimentalismo é a morte do artista. Nas suas próprias palavras: "I stick my neck out for nobody". Convive com deus e o diabo. Só quer saber de si. É melhor que ninguém espere grandes heroísmos da sua parte. Mas, quando a situação aperta, ele, mais do que outros, tem tendência a colocar-se no lado certo da luta. Sem pompa, nem discursos inflamados. Simplesmente, está lá.

quinta-feira, abril 07, 2005

stuart sutcliffe 


1940-1962

Este rapaz, falecido aos 21 anos, foi melhor amigo de John Lennon. Foi baixista dos Beatles. Foi pintor. Imaginá-lo é imaginar uma história diferente. Uma banda de Liverpool que tocava covers de blues em bares infectos de Hamburgo. Um John Lennon de casaco de cabedal cuspindo insultos por onde passava. Revoltado, inseguro, violento. Um inteligente, sarcástico e provocador primitivo. Um punk avant la lettre. Longe, por isso, dos cabelos longos e da parelha pacificadora com Yoko Ono.

terça-feira, abril 05, 2005

another view 

Escrevi isto para este site. Vão ler.

sábado, abril 02, 2005

alcoólatra 

"There's nothing ever gained
By a wet thing called a tear
When the world is too dark
And I need a light inside of me
I'll go into a bar and drink
Fifteen pints of beer"
Streams of Whiskey, The Pogues

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