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terça-feira, dezembro 18, 2007

a canção do ano 


Paper Planes. M.I.A.

O som de tiros e de caixas registadoras e de criancinhas a cantar. Não há nada melhor do que isto. Isto é tudo o que a pop deve ser: aventureira, perigosa, furiosa, vingativa, cantarolável, dançável, popular. Também pode ser outras coisas, mas assim está bem.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

novas viagens 

A hauntologia é um exercício de memória. De uma memória difusa, imprecisa, duvidosa. Fantasmagórica. O termo foi cunhado pelo Simon Reynolds e pelo gajo do K-Punk para nomear um conjunto de bandas, como os Mordant Music e os Belbury Poly, que usam sons de filmes educativos ingleses dos anos setenta - que se não assustassem pelo seu conteúdo as criancinhas às quais eram destinados, faziam-no pela música -, entre outras fontes que tais, para recuperarem essa memória perdida não se sabe muito bem onde. Por vias transversas, pode-se chegar ao mesmo sítio, a música de Burial tomando como ponto de partida sons de outras proveniências (ainda mais difíceis de determinar com exactidão) produz um efeito similar.

Descoberto há pouco tempo, o Marinheiro Lagardère (atente-se na recuperação da brilhante expressão "à Lagardère", e no marinheiro, para quem leu os posts anteriores), pode descrever-se como hauntologia à portuguesa. "As músicas são feitas a partir de colagens e montagens de pedaços retirados de discos (cd ou vinil), de gravações da tv ou da rádio", escreve o artista na sua página de MySpace. Peguemos no tema "A Telefónica", se não me engano, aquela é a voz da Júlia Pinheiro a atender uma chamada num dos seus programas de televisão e, no entanto, o que é tão familiar torna-se, através da repetição e da sua contextualização sonora, misterioso, quase assustador, hauntológico. Mas a hantologia não se resume à música, desenhos animados da nossa meninice, o Dartacão, por exemplo, ou uma fotografia antiga dos nossos pais antes de termos nascido também o são.

A hauntologia é um exercício de memória, mesmo que não seja a nossa.

sábado, dezembro 01, 2007

o porto 

Por falar em pop marinheira, também a música portuguesa devia ser mais marinheira. Mas nem tanto ao mar, com um pouco de rua à mistura. A música portuguesa devia ser mais cidade portuária. Mais Cais-do-Sodré, onde o marinheiro vai às putas. Isso já existe e chama-se fado, e, para além disso, o Cais-do-Sodré tem cada vez menos putas e marinheiros nem vê-los. Está certo, mas faça-se um esforço de imaginação. Uma música que fosse África, Brasil e Zeca Afonso e Gaiteiros de Lisboa e fosse pop era uma coisa gira.

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